Um homem contrata uma mulher para lhe fazer companhia por cinco
noites durante as quais ela não deve fazer perguntas a seu respeito.
A cada noite um jogo é proposto no qual eles devem representar
papéis diferentes, sempre relacionados a amores frustrados e
abandonos.
Os
enredos criados remetem a personagens literários de forma que o que
é verdade e o que é representação acaba se perdendo em meio aos
devaneios e às dores, como num jogo de espelhos.
É
certo, no entanto, que uma relação íntima e desesperada se
estabelece e se fortalece durante esse período, de forma que um
último abandono se torna imperativo sem que nenhum deles possa
controlar.
Ambientado
todo numa antessala de uma casa na Vila Mariana, “O Jogo do Amor e
da Morte” busca inspiração em diversas obras literárias para
contar a história de um homem e uma mulher, fragilizados e
paralisados diante de suas dores. Assim, “Os Maias” de Eça de
Queiroz, “Giovanni” de James Baldwin e “Olhos Azuis – Cabelos
Pretos” de Marguerite Duras emprestam seus personagens para que os
tais “jogos” se estabeleçam, numa expiação incessante que só
acontece à noite – durante os dias os personagens somem, como
vampiros.
Os
espectadores ficam a poucos metros dos atores de forma que uma
experiência naturalista é levada às últimas consequências, ainda
que elementos distanciadores desafiem esta lógica – como o
notebook ligado o tempo todo ou o som de mar intermitente vindo de
alto-falantes.